PHOENIX NEWS

 

 

                   VOCAT, 5 de abril 2006                No.3

 


Editor Convidado: Nely Caixeta
O ouro está lá fora   

Grandes, médias e pequenas empresas brasileiras desbravam mercados para seus produtos e incorporam a cultura de exportações como uma ferramenta indispensável para prosperar na economia globalizada   
Gire um globo terrestre, aqueles de plástico das aulas de geografia de antigamente, e coloque o dedo num país qualquer. Muito possivelmente, nesse ponto exato do planeta -- o Vietnã, a Líbia, a Índia ou a França --, haverá alguém sentado de boca aberta numa cadeira de dentista produzida a milhares de quilômetros dali. Mais precisamente na fábrica da Gnatus, em Ribeirão Preto, a 350 quilômetros de São Paulo, o principal centro de produtos odontológicos do país. Além de cadeiras, também cubas, brocas, refletores com sensor óptico e sistemas digitais de diagnóstico por imagem produzidos na Gnatus equipam hoje salas de dentistas e faculdades de odontologia em mais de 100 países nos quatro cantos do mundo. A cada mês, 1 000 conjuntos completos de consultórios saem das amplas instalações da empresa, localizada nos arredores da capital da chamada Califórnia Brasileira. Desse total, 45% são vendidos no exterior, o que faz da Gnatus o terceiro entre os maiores fabricantes mundiais de produtos odontológicos.
Empresas como a Gnatus são responsáveis em boa medida pelas excelentes notícias acumuladas pelas exportações brasileiras nos últimos tempos. Em abril, as exportações bateram em 4,8 bilhões de dólares, um crescimento de 35,9% sobre o mesmo mês de 2002. Até poucos anos atrás fonte certeira de más notícias, a balança comercial encerrou os primeiros quatro meses do ano com superávit de 5,2 bilhões de dólares contra 1,4 bilhão no mesmo período de 2002. Já são 25 meses consecutivos de saldos positivos no comércio exterior.
Para estrear com sucesso no mercado internacional, algumas regras são elementares. A começar por uma boa dose de paciência e perseverança. Se todos sucumbissem às primeiras dificuldades -- e elas são freqüentes --, muitos exportadores de sucesso teriam ficado pelo meio do caminho. "Leva tempo mesmo", diz a ex-ministra Dorothea Werneck, que presidiu durante quatro anos a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex-Brasil), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e voltada para pequenas e médias empresas. "É bobagem imaginar que uma primeira ida ao exterior irá render alguma venda." Para empresas veteranas no comércio internacional como a Marcopolo, a regra da paciência e perseverança já foi incorporada à cultura interna. "Quem quer exportar precisa saber que vai gastar dinheiro, ter aborrecimentos e passar anos sem vender nada", diz Paulo Bellini, presidente da Marcopolo. "Mas é assim mesmo. É preciso investir e peregrinar."
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A justiça pode ser cega, mas não é surda. Diversas indústrias recém instaladas reivindicaram, enfaticamente, junto ao Ministério de Indústria e Comércio de VOCAT, a abertura de canais de negociação para compra de matérias primas e vendas de produtos por outros meios distintos dos canais impostos pelo governo. A realidade verificada presentemente em VOCAT, bloqueia a negociação entre empresas, limitando a aquisição de componentes vitais e a venda de produtos apenas por meio do Leilão aberto. Talvez, decorrente da pressão exercida por estas indústrias, o Governo está regulamentando alternativas que permitirão, além do leilão, a venda de componentes no mercado SPOT (importação direta), bem como abertura para vendas diretas de produtos acabados para atendimento da demanda internacional (exportações). Uma fonte oficial da Fazenda afirma que esta resolução permitirá que o livre mercado possa se instalar em VOCAT, quebrando uma legislação retrógrada e ultrapassada. É o livre comércio exercido sem o julgo estatal. Se esta abertura resultar em cartelização de preços, a mesma fonte afirma que as facilidades oferecidas poderão ser retiradas de forma sumária. É pagar para ver.

Os fornecedores de matérias primas, animados com o mercado aquecido, impuseram seus preços em altos patamares nos recentes leilões setoriais. O governo aparenta contaminação pela febre dos preços altos, sinalizando uma subida em seus preços mínimos no leilão. Não se espera preços inferiores a $103 nos lances do próximo evento comercial coletivo. Entretanto, com a abertura das compras diretas, uma nova alternativa para aquisição de produtos importados apresentará a possibilidade limitada de compras de matérias primas por $130, na quantidade desejada, com entrega imediata dos componentes adquiridos.
Os preços para produtos acabados estão em um vôo cego.A baixa do Dolar americano parece ter calado o mercado comprador, trazendo expectativa de baixa nos preços finais dos produtos acabados.