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Isnard Martins

 

Capítulo 

2

RETRATO FALADO
UMA ABORDAGEM PRÁTICA

ISNARD MARTINS

Isnard Martins

Ergonomia de ferramentas para reprodução gráfica produzidas pelo homem ou computador?

Baseado no artigo do mesmo autor, publicado nos anais do Congresso Internacional de Design da Informação, setembro de 2003, Recife, Pernambuco, Brasil

Abstrato

O foco principal do problema reside no tempo e na eficiência para geração do retrato falado. O processo manual, devido a sua simplicidade de métodos, permite que o retrato falado manual seja gerado em qualquer ambiente e depende do simples deslocamento do entrevistador. Entretanto, o esforço para geração do desenho final é muito alto, sendo grande a perda de tempo e material até a conclusão do trabalho. Oferece baixa interação com o entrevistado e nenhuma interatividade com cadastros digitais. O sistema automatizado amplia a capacidade de atendimento da demanda interna de retratos falados e possui bom nível de interatividade com os usuários envolvidos. Sua eficiência está diretamente relacionada com a flexibilidade para modelagem facial e da capacidade de personalização dos moldes pré-armazenados. Foram desenvolvidos experimentações com ambos sistemas, automatizado e manual, bem como entrevistas com usuários. Um projeto proprietário foi desenvolvido pelo autor. Outros sistemas automatizados disponíveis foram utilizados para realização das observações. Foram examinadas usabilidade e flexibilidade dos recursos oferecidos pelas ferramentas, e seu relacionamento com os atores envolvidos na execução da tarefa.

Este texto compara as vantagens e desvantagens do sistema em computador sobre o método tradicional, cuja polêmica ainda se desenvolve entre seus diversos defensores, considerando o tempo de execução e a facilitação do trabalho para os usuários: o desenhista /entrevistador e o entrevistado; examina o impacto da substituição do método manual, que não oferece restrições à produção de detalhes dos relatos da entrevista, pelo sistema automatizado, que depende de biótipos diversificados na sua base de dados, capacidade flexível de modelagem, etnias, modismos sociais e outras particularidades faciais pré-armazenadas; investigar a interação do retrato falado com bases cadastrais e fotográficas, a partir do produto final obtido e observa os recursos técnicos oferecidos pelas soluções analisadas e do tempo para execução da tarefa.

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O retrato falado tornou-se fundamental como instrumento de investigação criminal e localização de pessoas desaparecidas, sejam eles, adultos, idosos ou crianças. Nem sempre são utilizados, fotos ou referências da época da ocorrência ou desaparecimento, e sim, um “retrato falado”, projetado cronologicamente para época presente. É obtido pela interação entre entrevistado e entrevistador, e entre ambos e a ferramenta empregada. O processo manual é geralmente produzido por um indivíduo com habilidade artística e capacidade de obter, através de uma entrevista, a imagem mental descrita pelo entrevistado. É um trabalho artístico, sendo por esta razão, singular. Trata-se de uma habilidade rara e escassa. A composição do desenho é desenvolvida de acordo com informações prestadas, substituindo-se os rascunhos mediante evolução do modelo (B. dos Reis, 99). Ferramentas alternativas foram desenvolvidas para suprir esta demanda, como o sistema de acetatos transparentes superpostos ou projetos automatizados que possibilitam ao profissional com pequena ou nenhuma habilidade artística, produzir, em escala, retratos falados, com qualidade fotográfica e grande fidelidade com o relato do entrevistado. Está baseado em referências digitais, utiliza recursos avançados de computação gráfica e lida com otimização de chances de acertos pelo método de aproximações e tentativa / erro.

     A percepção do modelo mental a ser reproduzido passa por estágios de equalização, até que se traduza a melhor identificação da face, a ser gerada. Ultrapassa as diferenças culturais entre entrevistado e entrevistador, bloqueios e outros fatores impeditivos para finalização do trabalho.  A precisão do Retrato Falado está relacionada com fatores não dependentes apenas da boa memória, capacidade de observação ou eventual trauma do entrevistado. Entrevistado e entrevistador constroem uma representação na memória com base em informações visuais e lingüísticas. Os sistemas manual e automatizado apresentam vantagens e desvantagens para suportar esta representação.

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A Ferramenta Manual

A ferramenta manual, por sua simplicidade, permite que o Retrato Falado possa ser gerado em qualquer ambiente onde o entrevistador possa, com paciência e relativa tranqüilidade para o entrevistado, obter os traços e características memorizados, referentes ao sujeito, objeto da entrevista para geração do desenho.
O indivíduo entrevistador utiliza material específico de desenho, constando de lápis próprio de grafite mole (tipo 6b), uma boa borracha e bloco de desenho, normalmente apoiado por uma prancheta.
Anteriormente aos anos 70, essas informações eram colhidas sem critério, onde entrevistadores sem preparo técnico abordavam o informante traumatizado, sem vontade de colaborar por razões diversas. Os resultados finais eram visivelmente prejudicados, (B. dos Reis, 99),
Em centros urbanos densamente populosos e altos índices de criminalidade, a identificação de suspeitos torna-se fundamental para investigação policial e eficiente ferramenta de pesquisa para elucidação da autoria de delitos. A divulgação do Retrato Falado permite a disseminação da imagem de suspeitos na mídia e ampliação da nova informação dentre os demais setores policiais.

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A Ferramenta Automatizada

Sistemas automatizados de retrato falado facilitam aos profissionais com baixa habilidade artística, após curto tempo de treinamento, capacitade de produção em escala de retratos falados, superiores em qualidade, àqueles produzidos à mão-livre, com qualidade fotográfica, que descreve com fidelidade as características fisionômicas relatadas pelas vítimas ou testemunhas de delitos criminais.

  Entretanto, a simples utilização de um sistema automatizado gerador de fisionomias situa-se distante da solução para equação envolvendo todas as variáveis do problema, colocando em dúvida a eficiência destas ferramentas avançadas, particularmente, quando confrontadas com métodos utilizados por desenhistas.

  Devemos ainda considerar os aspectos culturais e resistências funcionais à desmobilização de setores específicos dedicados à produção de retratos falados.  Representam impedimentos que mascaram resultados produzidos por estudos isentos, voltados para estabelecer uma comparação realista entre o método automatizado e o método manual, do antiquado contra o moderno. Trata-se de uma mudança importante nos tradicionais métodos aplicados.

   A adoção de ferramentas automatizadas para produção de Retratos Falados nos principais centros de segurança pública e organizações dedicadas à procura de pessoas desaparecidas em todo mundo representa uma alternativa em implantação contínua. A produção de desenhos à mão livre é como um retorno inaceitável à máquina de escrever na era do pleno emprego do microcomputador para edição de textos.

   Ainda no plano social, a solução em computador não desemprega os antigos profissionais responsáveis pelos sistemas manuais. Oferece uma nova perspectiva ao policial desenhista, tornando-o um especialista na ampliação da base automatizada de opções para geração de retratos falados automatizados além de possível usuário entrevistador, produtor de retratos automatizados de grande fidelidade.

   O sistema automatizado de última geração propicia modelagem das relações biométricas do indivíduo desenhado, alterações cronológicas do modelo, bem como personalização da base de características pessoais da biotipologia regional, inerentes à localização geográfica do usuário do projeto.


 

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