Transformações Econômicas e Avanços Tecnológicos
Determinam novas formas de Gestão da Produção

Marcos Marzano
é estudante de
Engenharia da PUC-Rio
Resumo
Nos últimos anos, ocorreram
mudanças na gestão e organização no processo produtivo das empresas
industriais em todo mundo. Dentre estas alterações destaca-se o
desenvolvimento tecnológico verificado nas máquinas, sistemas de
informações, automação, robótica, telecomunicações e transformações
relativas aos novos pensamentos, conceitos e métodos aplicados na gestão
dos recursos humanos.
Desenvolvimento
Os conhecimentos de gestão desenvolvidos por Taylor, Ford e Sloan
trouxeram avanços na área de sistema de produção. Alguns dos fatores
foram: produção em grande escala e em grandes lotes com correspondente
redução dos custos unitários; elevada especialização do trabalho no
chão-de-fábrica; inexistência de envolvimento do trabalhador com a
qualidade, sugestões ou melhorias das operações; o máximo possível em
termos de verticalização da produção, etc. Entretanto com o passar do
tempo esse modelo foi esgotando-se e os princípios que haviam sustentado
o sistema da produção em massa, já não eram suficientes para garantir a
competitividade de que as empresas precisavam.
A partir da década de 60 nos países
desenvolvidos, a gestão dos sistemas produtivos industriais passa a ter
alterações profundas. Avanços na tecnologia de processamento de
informações possibilitaram o desenvolvimento de softwares de
gerenciamento das operações industriais, inicialmente com o objetivo de
se gerenciar o fluxo de materiais e, posteriormente, com o objetivo de
se gerenciar também os recursos humanos, máquinas, instalações, etc. É o
início de novos sistemas chamados de: MRP (Materials
Requirements Planning) e MRP II (Manufacturing Resources Planning),
que viriam a impulsionar a sistematização das informações para a tarefa
de planejamento e controle da produção. Tais sistemas, baseados na
lógica da produção em massa, concebiam a empresa como uma organização
com as operações totalmente controladas pelo computador.
Assim, muitos dos problemas
existentes acabaram sendo reproduzidos com a utilização dos MRPs e, em
alguns casos, até ampliados, em virtude das dificuldades iniciais de se
ter atualizações das informações com a premência que se exigia para a
tomada de decisão. Essas dificuldades em grande parte foram
solucionadas, e a importância de tais sistemas tornou-se evidente.
Atualmente é difícil imaginar uma empresa industrial de médio ou grande
porte sem um eficiente software de gestão de operações.
Paralelamente à
tudo isso, no outro lado do mundo, uma outra forma de se gerenciar as
operações industriais estava em gestação. Sob a liderança de Taichi Ohno,
uma empresa do Japão, a Toyota Motor Company, buscava uma forma
alternativa à produção em massa para gerenciar o sistema de produção.
Pois esses princípios não mais se ajustavam situação econômica e ao
mercado de seu país naquele momento.
Surge, então, a
“produção enxuta”, com princípios diferentes daqueles observados na
produção em massa. Com este novo sistema, o Japão alcança índices de
crescimento fantásticos, em vários setores econômicos, no transcorrer
das próximas décadas.
No entanto, mais
recentemente, sinais provenientes de experiências de gestão e
organização do trabalho em outras empresas dão mostras da necessidade de
atualização ou alteração de alguns princípios do modelo enxuto, a fim de
que este responda mais adequadamente às transformações tecnológicas,
sociais, econômicas ocorridas.
Até o final da
década de 1970, a gestão industrial na maior parte das empresas no
Brasil baseava-se no sistema de produção em massa. A produção enxuta
teve grande divulgação a partir da década de 80. Por envolver aspectos
implícitos do conhecimento, a simples cópia de seus métodos e
procedimentos técnicos não é suficiente para a sua eficaz transferência
para outras empresas. Entretanto, alguns dos princípios operacionais do
sistema desta produção foram implantados nas empresas nacionais, em
decorrência das condições de competição presentes no país.
Outro movimento
de mudança importante iniciado na década de 80 foi a terceirização de
grande parte das atividades realizadas pelas empresas, fossem
industriais ou de serviços, para outras organizações especializadas na
produção de peças, subconjuntos, conjuntos, módulos, ect. Tal mudança
buscava inicialmente uma redução de custos para as médias e grandes
empresas. Liberadas de atividades não relacionadas diretamente, poderiam
enfatizar o seu negócio principal.
As mudanças na
forma de gestão industrial ocorridas nos últimos 45 anos refletem
aspectos de uma época, de uma região, da visão e espírito arrojados de
alguns, dos recursos disponíveis e das necessidades das empresas e das
nações.. É fundamental que conceitos e modelos sejam sempre
desenvolvidos com o objetivo de orientar a construção de um sistema de
produção visível, motivador, digno, competitivo e socialmente
comprometido com a comunidade.
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