BIBLIOTECA DOS

NOVOS
ENGENHEIROS

Introdução à Engenharia
2006-1

Isnard Martins

 

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Transformações Econômicas e Avanços Tecnológicos Determinam novas formas de Gestão da Produção


Marcos Marzano
é estudante de
Engenharia da PUC-Rio

Resumo
 
Nos últimos anos, ocorreram mudanças na gestão e organização no processo produtivo das empresas industriais em todo mundo. Dentre estas alterações destaca-se o desenvolvimento tecnológico verificado nas máquinas, sistemas de informações, automação, robótica, telecomunicações e transformações relativas aos novos pensamentos, conceitos e métodos aplicados na gestão dos recursos humanos.

Desenvolvimento
  Os conhecimentos de gestão desenvolvidos por Taylor, Ford e Sloan trouxeram avanços na área de sistema de produção. Alguns dos fatores foram: produção em grande escala e em grandes lotes com correspondente redução dos custos unitários; elevada especialização do trabalho no chão-de-fábrica; inexistência de envolvimento do trabalhador com a qualidade, sugestões ou melhorias das operações; o máximo possível em termos de verticalização da produção, etc. Entretanto com o passar do tempo esse modelo foi esgotando-se e os princípios que haviam sustentado o sistema da produção em massa, já não eram suficientes para garantir a competitividade de que as empresas precisavam.

  A partir da década de 60 nos países desenvolvidos, a gestão dos sistemas produtivos industriais passa a ter alterações profundas. Avanços na tecnologia de processamento de informações possibilitaram o desenvolvimento de softwares de gerenciamento das operações industriais, inicialmente com o objetivo de se gerenciar o fluxo de materiais e, posteriormente, com o objetivo de se gerenciar também os recursos humanos, máquinas, instalações, etc. É o início de novos sistemas chamados de: MRP (Materials Requirements Planning) e MRP II (Manufacturing Resources Planning), que viriam a impulsionar a sistematização das informações para a tarefa de planejamento e controle da produção.   Tais sistemas, baseados na lógica da produção em massa, concebiam a empresa como uma organização com as operações totalmente controladas pelo computador.

  Assim, muitos dos problemas existentes acabaram sendo reproduzidos com a utilização dos MRPs e, em alguns casos, até ampliados, em virtude das dificuldades iniciais de se ter atualizações das informações com a premência que se exigia para a tomada de decisão. Essas dificuldades em grande parte foram solucionadas, e a importância de tais sistemas tornou-se evidente. Atualmente é difícil imaginar uma empresa industrial de médio ou grande porte sem um eficiente software de gestão de operações.

  Paralelamente à tudo isso, no outro lado do mundo, uma outra forma de se gerenciar as operações industriais estava em gestação. Sob a liderança de Taichi Ohno, uma empresa do Japão, a Toyota Motor Company, buscava uma forma alternativa à produção em massa para gerenciar o sistema de produção. Pois esses  princípios não mais se ajustavam situação econômica e ao mercado de seu país naquele momento. 

  Surge, então, a “produção enxuta”, com princípios diferentes daqueles observados na produção em massa. Com este novo sistema, o Japão alcança índices de crescimento fantásticos, em vários setores econômicos, no transcorrer das próximas décadas.

  No entanto, mais recentemente, sinais provenientes de experiências de gestão e organização do trabalho em outras empresas dão mostras da necessidade de atualização ou alteração de alguns princípios do modelo enxuto, a fim de que este responda mais adequadamente às transformações tecnológicas, sociais, econômicas ocorridas.

  Até o final da década de 1970, a gestão industrial na maior parte das empresas no Brasil baseava-se no sistema de produção em massa. A produção enxuta teve grande divulgação a partir da década de 80.  Por envolver aspectos implícitos do conhecimento, a simples cópia de seus métodos e procedimentos técnicos não é suficiente para a sua eficaz transferência para outras empresas.  Entretanto, alguns dos princípios operacionais do sistema desta produção foram implantados nas empresas nacionais, em decorrência das condições de competição presentes no país.

  Outro movimento de mudança importante iniciado na década de 80 foi a terceirização de grande parte das atividades realizadas pelas empresas, fossem industriais ou de serviços, para outras organizações especializadas na produção de peças, subconjuntos, conjuntos, módulos, ect. Tal mudança buscava inicialmente uma redução de custos para as médias e grandes empresas. Liberadas de atividades não relacionadas diretamente, poderiam enfatizar o seu negócio principal.

  As mudanças na forma de gestão industrial ocorridas nos últimos 45 anos refletem aspectos de uma época, de uma região, da visão e espírito arrojados de alguns, dos recursos disponíveis e das necessidades das empresas e das nações.. É fundamental que conceitos e modelos sejam sempre desenvolvidos com o objetivo de orientar a construção de um sistema de produção visível, motivador, digno, competitivo e socialmente comprometido com a comunidade.

BIBLIOGRAFIA
Revista FAE BUSINESS n 4 , Dez 2002( Marcelo Cleto)WOMACK, J.P.; JONES, D.T.; ROOS, D.
A máquina que mudou o mundo
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